Guilty Pleasures...

Perdoem-me o sentimentalismo desta entrada, mas retomei, desde há uns tempos para cá, uma paixão de puto que me consumiu bastantes horas de sono e alguns dissabores na escola.

Acho que posso dizer que sou, de certa forma, contemporâneo da "explosão" do interesse por manga e animação japonesa, que ocorreu no país em meados dos anos 90.

Na altura teria uns 13/14 anos e consumia sofregamente qualquer coisa que me viesse parar às mãos, relacionado com este universo. Portugal era, como agora, um país periférico e alheado de grande parte daquilo que se fazia no resto da Europa. Mas nessa altura algo como a internet era ainda uma miragem; uma fabulação digna de qualquer bd de ficção científica (ok, talvez não tanto. Mas mesmo assim, era um cenário bastante improvável para muita gente)... Se me tivessem dito na altura que teria na palma da mão o acesso a todo o tipo de informação sobre o que se ia publicando neste contexto, ter-me-ia sentido como um míudo numa loja de doces!

Acalentava então, um desejo de me vir a tornar num "mangaka"; um autor de bd japonesa. Claro que não estava ciente das idiossincrasias deste meio, e de que o tipo de traço e narrativa destes autores era algo de muito característico da sua cultura; algo que dificilmente conseguiria emular no contexto cultural e social em que vivia. Isto para não falar do quão difícil era, na altura, pôr as mãos em grande parte das boas bds e filmes que se iam fazendo.

Lembro-me daquele que foi, possivelmente, o primeiro núcleo de pessoas realmente interessadas em divulgar este universo por cá, e das dificuldades que enfrentaram para o conseguir fazer, até ao seu inevitável fim. Lembro-me das tardes de sábado, em que o filho da minha madrasta e eu apanhavámos o barco da margem sul, para nos dirigirmos à Animezoon, no centro comercial portugália, onde podíamos confraternizar com outros como nós...

Enfim, lembro-me de nutrir por estas histórias e pelos seus autores, um carinho que nunca tive, nem por sombras, por outro tipo de banda desenhada.

Talvez, se as circunstâncias tivessem sido diferentes, se dispusesse então dos meios que usufruo hoje, quem sabe se não teria de facto enveredado por estas andanças...