segunda-feira, 25 de junho de 2007

"Self-made manismo"

Hoje é a inaugaração do Museu Berardo.
Um evento que se tornou notório por todas as razões, menos aquela que será, provavelmente, a mais importante:

- O facto de este ser o maior e mais importante espólio de arte moderna e contemporânea, do país.

Pode-se dizer muito acerca do commendatore Berardo (gosto desta palavra, tão permeável a duplas interpretações de cariz "siciliano"). Que ele é um grunho de um novo riquismo insuportável; um falso mecenas; um merceeiro, que só após um braço de ferro de uma década com o Ministério da Cultura, acedeu a deixar a sua colecção em território nacional; pode-se especular, inclusivamente, sobre o destino pouco claro dos três milhões de euros dados pelo M.C. ao museu, supostamente para colmatar despesas relativas à manutenção da exposição.

Enfim, pode-se falar de tudo isso...

Mas o mais importante, aquilo que de facto não se compadece do cinismo e da chico-espertice de uma certa imprensa "informada" e plena de sentido crítico, é o facto de que temos no país - finalmente -, uma exposição permanente de considerável dimensão e qualidade.
O resto é secundário. O Sr. Berardo até podia roubar camas no superlotado hospital de Sta. Maria, que um lugarzinho no céu já ninguém lho tira... Só espero é que o próprio não tenha ilusões quanto à direcção artística do museu e incumba outros, eventualmente mais "credenciados" que ele, a proferirem os fuck yous por si.

2 comentários:

Anónimo disse...

hehehe...o Berardo rústico e sem papas na língua mas que de qualquer modo contribui para arte-iculação artística em Portugal...mesmo que, na minha opinião e de acordo com o que vi exposto da sua colecção, não ache nada de especial e não me identifique ou sensibilize com a maior parte daquelas obras.

Severin disse...

Eu gostei da exposição de um modo geral. Penso só que se poderia dar mais ênfase à arte contemporânea, visto que a maior parte dos artistas contemplados representam, sobretudo, as vanguardas do século passado.
Faltaram, a meu ver, lá nomes como a Louise Bourgeois, Mathew Barney, Luc Tuymans, Gary Hume... E mesmo que não tenham ainda grande projecção, gostaria que apostassem em pintores mais jovens como o Peter Doig, a Tomma Abbts e em artistas pláticos como o Takashi Murakami.

Mas gostei... E é sempre bom ter um ponto de referência deste género em Lisboa! ;)